sexta-feira, 11 de abril de 2008

Quando o universo conspira...

O universo conspira, eventualmente contra mim. Ou muito mais provavelmente, eu estou, mais uma vez, nesse lugar indesejável entre o universo e o que quer que ele esteja em guerra com. No meio do fogo cruzado.

Estive em muitos lugares nos últimos tempos. Da experiência extra-corpórea de ver o mundo lá de cima, onde nada parecia poder me atingir, até bem fundo em mim mesma, presa de tal forma que me faltava o ar. As vezes tenho a impressão de que quanto mais leve eu fico, mas alto eu voo e subtamente caio dentro de mim, com o peso de mil e uma gravidades. Não sei.

Sei que por instantes quase senti saudade de agosto, onde os voos razantes de bruxas de plantão são esperados, e não estas ingratas surpresas em pleno abril. E começou ainda em março, tão antes do meu inferno astral, que nem a desculpa astrológica eu pude dar.

Pequenas coisas. Infestações de pragas. Detalhes. Desgostos. Nada que eu pudesse mentalizar o mantra de que só existem 2 tipos de problemas: os que tem solução e de nada adianta reclamar pois é preciso arregaçar as mangas e soluciona-los, e os que não tem solução, e dessa forma, também não adianta reclamar mas aprender a conviver com eles. Era sempre miudezas, troco, mixarias. Dessas coisas que sozinhas não valem o cafézinho.

Mas vinham juntas. E em bando. E ininterruptamente.
A exata diferença entre um gafanhoto no quintal, e milhares deles na plantação.

Houve dessas pequenas coisas corriqueiras que nos chateiam e nada mais. Houve dos eventos inexplicáveis dignos de filme de terror. E por fim, como cereja no topo do bolo, houve a sensação de que não era só comigo, mas era comigo em especial, e que não iria parar.

Ontem eu me senti muito pouco mais que uma casca vazia. Ontem eu precisei de suspiros profundos pra achar o ar. Hoje eu senti raiva. Ódio profundo por estar totalmente impotente frente ao mar de casualidades. Má sorte. Olho gordo. Energias negativas que não queriam me deixar em paz. E então, de repente e por fim, só o que me veio a mente foi : Let it Be.

Porque talvez, só talvez, o universo esteja a conspirar e talvez até, contra mim. E se for verdade, em algum momento, ele passará a conspirar em meu favor.

Ou talvez seja apenas esses momentos em que há tanta poeira cósmica que o universo resolve que é hora de sacudir a embalagem, e misturar tudo de novo em uma substância homogênea e lógica como deve ser. E daí tudo é Caos até virar Ordem outra vez.

E quando tudo for de novo uno com a casualidade cósmica, eu vou poder rir (como hoje já ri um pouco) desses dias como já fiz outras vezes.

Ou talvez não. Mas dói muito mais quando a gente briga contra do que quando a gente simplesmente deixa ser.

O universo conspira. Que seja. Let it be.